quinta-feira, 21 de junho de 2012

Os Chimpanzés de Goiânia

Sou uma transeunte incansável do eixo São Paulo - Goiânia (esse eixo existe pelo menos pra mim). Nas duas selvas de pedra, tenho aprendido muito sobre música, mas talvez não o bastante para taxar qualquer tipo de coisa específica. Mas sei o que me agrada: o que me agrada é o que é feito com coração - ou pelo menos oque  fica nítido ser feito. Me deparei com um exemplo de coisa que nitidamente foi feita com coração dias atrás. Em minhas andanças pela capital goiana de minha avó, a belíssima Goiânia, tive a oportunidade de conhecer um conjunto musical chamado Chimpanzés de Gaveta. Por indicação de Marcos Carneiro, amigo de infância que sempre me mostra o que de bom tem na cidade, fui em uma apresentação do sexteto no Metropolis Retrô - eles abriram para o alagoano Wado na semana passada (que eu adoro).  Foi a melhor indicação que recebi neste ano. Acredito que a fila russa que se formou na porta do local foi fruto de uma compilação de duas grandes atrações. No palco, uma boa voz de Michel Edere, que me fez depreender que eles gostam mesmo de música. Um som sincero, letras poéticas com conteúdo que me agrada. Uma guitarra muito bem solada e percussão bem executada. Encontrei uma fala deste meu amigo em algum em um site por aí, que descreve rapidamente o que seja esses primatas. 

"Para quem gosta de balançar a alma com um som animado e irreverente, o Chimpanzés De Gaveta supre todas as expectativas. Com meia década de carreira “quebrando galhos” – como os mesmos dizem -, o sexteto chegou forte no cenário musical goianiense apresentando a sua compilação de groove rock, soul music, além de se embrenharem muito bem no Samba (...) completando a sua salada sonora, além de outros ritmos dançantes bem interpretados em vários palcos da capital em apresentações cover de Tim Maia, Roberto Carlos e Jorge Ben." 


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Caetano remasteriza o Transa


Nosso velho Caetano Veloso está em um ano de comemorações, mas não estamos falando de Natal, Páscoa ou chatice familiares afins. O artista de Santo Amaro, interior da Bahia, vai completar sete décadas de baianice em 2012 e não vai ser só ele que vai ter presentes - vide a infinda programação de shows especiais e lançamentos. Não atoa - pois estamos referindo a um dos mentores máximos da Tropicália que colocou no mundo o batuque da Música Popular Brasileira - várias homenagens estão sendo feitas pelo próprio Caê. Então tira a vitrola do armário e se prepara pra essa. Caetano foi até os estúdios Abbey Road em meados de fevereiro, aprontar pelas ruas de Londres para lembrar de seu exílio. Que nada! Quem vai querer lembrar de exílio forçado? Ele foi no famoso estúdio fazer uma remasterização do seu disco mais emblemático, o Transa. Lançado em 1972 no Rio de Janeiro, o disco conta com faixas tanto em inglês como em português e foi uma organização de vários amigos músicos, gravado em Londres. A mixagem por exemplo foi feita por Jards Macalé, um grande colega. As canções, como "Mora na Filosofia", "Triste Bahia", "Nine Out of Ten", são clássicos do artista escritas nos três anos anteriores durante seu exílio na Inglaterra, após fugir do regime da Ditadura Militar. Quer comprar essa belezinha? Vá ao site do dito cujo e desembolse $144 Lulas Brasileiras pela internet. O preço é justificado pela qualidade da remasterização do aúdio, feita em DMM (Direct Metal Mastering) pelo renomado Steve Rook, vinil importado da Alemanha e arte gráfica original. E claro pelo disco em si (estamos falando de um patrimônio histórico musical do país, meu caro.) 

Lado A

1. You Don't Know Me
2. Nine Out of Tem
3. Triste Bahia


Lado B


1. It's a Long Way
2. Mora na Filosofia
3. Neolitic Man
4. Nostalgia

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Wado, o catarinense alagoano

É de Alagoas que sai uma das produções musicais mais bem intencionadas do país. E não estamos falando do barulho das praias de Maceió. Estamos falando de Wado, que há uns dez anos promove uma salada de frutas sonora em muita casa de show Brasil a fora depois de ter mudado de Santa Catarina. Menos preocupado com o mercado do que com a forma de seu trabalho, a descentralização dos investimentos em cultura musical é o maior torpor de sua carreira. (Deve ser por isso que largou o sul e foi ano aventurar-se Nordeste). Ele já lançou seis discos independentes. O  último deles foi o Samba 808, que apesar da referência ao gêneros, ainda contém uma boa pitada de Reggae, Soul, Groove Rock, Pop, (pausa pra respirar), Afro Bit, Dub, Bossa, Chorinho, e o etc ajudaria nessa hora. Parido em meados de outubro de 2011, o disco fez um rebuliço na agenda de lançamentos do país, pela apelativa qualidade sonora do trabalho que traz onze faixas de puro alívio. Mesmo com um uso excomunal de samplers bem editados e sintetizadores de voz, as composição cheias de poesia do catarinense mescla sons naturais e muito som de corda. Sua estreia em estúdio foi em 2001, o álbum Manifesto da Arte Periférica abriu o jogo para o mundo: ele gostava do que era 'marginal'. Desse sentimento de mostra o que é menos beligerante, veio em 2002 outro disco, intitulado Cinema Auditivo colocou um tempo Hip Hop na salada já servida e o mesmo aconteceu com o A Farsa do Samba Nublado de 2004. Nesses trabalhos, um show da música afrodisíaca do mangue, fazendo uma ponto pelo oceano Atlântico entre África e América. Wado ainda lançou os álbuns Terceiro Mundo Festivo e o Atlântico Negro. Mais novo filho, o álbum Samba 808 é o auge de um cantor que se reinventa a cada trabalho realizado. Onze faixas densas e leves ao mesmo tempo. O artista não quis saber de economizar parcerias e poucas faixas não tem alguma segunda voz. O casal Marcelo Camelo e Mallu Magalhães juntos interpretam uma segunda parte da canção "Com a ponta dos Dedos", colocando os dois em uma nuvem eletrônica nunca vista antes - ainda mais juntos. Ainda se pode ouvir as vozes de Zeca Baleiro, Chico César, Fernando Anitelli entre outros do gosto de Wado. Na faixa  "Esqueleto", uma boa dupla groove com Curumin faz qualquer paralítico levantar da cadeira de rodas.  O resto, você só vai saber ouvindo.

por @Laura_Biancho